VALSA COM BASHIR
sessão comentada em 29 de setembro de 2012
Valsa com Bashir, dirigido por Ari Folman em 2008, arrebatou prêmios e elogios de crítica e público (cf. trailer http://www.youtube.com/watch?v=Ak_2NWhr_g4 ). O filme é uma animação intensa, dinâmica e forte que narra o drama individual de um ex-combatente israelense da guerra do Líbano (1982) com um bloqueio de memória sobre sua participação no conflito quando ocorreram os massacres de Chatila e Sabra. Na realidade, trata-se da história do próprio diretor, que na busca por entender o que ocorreu naquele período procura antigos combatentes para relembrarem juntos. Mas, para seu desespero, percebe que para eles a memória dos acontecimentos é também ambígua.
O filme, para além dos seus aspectos estéticos de excelente qualidade; da fotografia à música e à animação; favorece reflexões relativas a memória: sua construção e formas de silenciamento, conforme salienta o historiador Michael Pollak (cf. http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/reh/article/view/2278/1417).
O formato em animação pode, a princípio, distanciá-lo da concepção convencional do gênero documentário, mas sua estrutura narrativa, calcada na história oral e fotográfica, não deixa dúvidas quanto ao seu efeito documental referente à guerra do Líbano, sobretudo aos referidos massacres. Cenas como a invasão dos tanques ao Líbano; o diálogo do diretor com seu amigo psicanalista; ou os momentos do massacre; são instigantes e reveladoras.
Trata-se de um olhar dos vencedores políticos daquela guerra. Mas, como ser humano, Ari Folman termina por denunciar a imbecilidade dos conflitos armados, nos quais todos são derrotados. Como salientou em entrevista (cf. http://hojetemcinema.wordpress.com/2010/05/15/entrevista-de-ari-folman-para-cahiers-du-cinema/#more-953), ele procurou inverter a natureza glamourosa implícita nos filmes de guerra, mesmo quando estes possuem um tom crítico. Para Folman, sua intenção ao filmar Bashir é que os jovens que o assistisse não quisessem fazer parte de uma guerra. Por isso procura fazer com que o expectador desperte ao ver cenas reais do massacre.
Um maravilhoso filme com a bandeira da paz.
Para participar da sessão comentada, que será realizada no dia 29 de setembro, na Casa UNA (r. Aimorés, 1451), mande um comentário a essa postagem com seus dados, ou se preferir, confirme sua participação no evento via facebook (luz camera historia). As inscrições são limitadas e gratuitas. Observe ainda a faixa indicativa do filme: 16 anos.
Sinopse
Numa
noite num bar, um homem conta ao velho amigo Ari sobre um pesadelo recorrente
no qual é perseguido por 26 cães alucinados. Toda noite é o mesmo número de
bestas. Ambos concluem que o pesadelo tem a ver com a missão deles no exército
israelense contra o Líbano, décadas atrás. Ari, no entanto, fica surpreso ao
perceber que não consegue mais se lembrar de nada sobre aquele período da sua
vida. Intrigado com o enigma, Ari decide se encontrar e entrevistar velhos
camaradas pelo mundo. Ele tem necessidade de descobrir toda a verdade sobre
aquele tempo e sobre si mesmo. E, quanto mais ele se aprofunda no mistério,
mais suas lembranças se tornam aterrorizantes e surreais.
Ficha Técnica
Título original: Vals Im Bashir
Ano: 2008
Artista Gráfico: David Polonsky
Diretor: Ari Folman
Produção: Ari Folman/ Serge Lalou/ Gerhard
Meixner/ Yael Nahlieli/ Roman Paul
Roteiro: Ari Folman
Trilha Sonora: Max Richter
Duração: 90 min.
Gênero: Animação / Biografia / Drama / Guerra
Cor: Colorido
Distribuidora: Não definida
Classificação: 16 anos
País: Alemanha, Austrália,
Bélgica, EUA, Finlândia, França, Israel, Suíça.
Postado por Rodrigo de Almeida Ferreira