LUZ, CÂMERA E HISTÓRIA: O FILME NA SALA DE AULA

LUZ, CÂMERA E HISTÓRIA: O FILME NA SALA DE AULA

O projeto de pesquisa e extensão Luz, Câmera e História! o filme na sala de aula
foi idealizado pelo historiador Rodrigo de Almeida Ferreira e implementado no Centro Universitário UNA (Belo Horizonte/MG), em 2009. A proposta é refletir sobre o uso pedagógico de um filme e seu papel na educação não-escolar, ou seja, referente a qualquer espectador, estudante ou não, especialmente em relação a temas ligados à História, política e cidadania.

O projeto favorece aos graduandos dos cursos de História e de Pedagogia da UNA discussões qualitativas referentes à relação entre o cinema e a educação. Um segundo momento das atividades do grupo é a exibição comentada de filme para a comunidade escolar de ensino básico. Trata-se de um espaço de integralização entre a teoria e a prática docente. No campo social, as sessões comentadas favorecem o contato de estudantes do ensino básico com o mundo universitário. São momentos em que ocorre a universalização do saber acadêmico junto à comunidade.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

ACONTECE...
 
Atrelada às discussões do projeto de pesquisa e extensão Luz, Câmera e História..., será oferecida no II Simpósio de Professores UNA/2012 a oficina LUZ, CÂMERA E EDUCAÇÃO! O FILME NA SALA DE AULA. A oficina é destinada aos professores da instituição e será ofertada no dia 2 de agosto, em duas ocasiões: turno da manhã e turno da noite. O evento acontecerá no campus Aimorés, no Auditório Menor, 2º Andar. A oficina será conduzida pelo profº. Rodrigo de Almeida, e sua proposta e programa são:

 
Analisar a relação entre cinema e educação a partir da historicização do desenvolvimento da sétima arte e sua inserção nos processos educativos, refletindo junto ao corpo docente do Centro Universitário UNA as possibilidades relativas ao uso do filme como prática pedagógica, bem como
seu papel na circularidade do conhecimento.
n 
  • Breve história do cinema  n 
  • Cinema e Educação: verdade, conhecimento e Estado n 
  • Ficção e  o filme documentárion 
  • Professor, aluno e o filme  
 Rodrigo de Almeida
 


terça-feira, 24 de julho de 2012

LUZ, CÂMERA, HISTÓRIA! O FILME NA SALA DE AULA


ASSISTIU... NA ESTRADA




On The Road - Na Estrada: 
do livro à telona; da telona à sala de aula

Liberdade. Uma palavra cujo significado é difícil precisar.
Jack Kerouac, escritor norte-americano, mergulhou nessa aventura. Não na tentativa de conceituá-la, mas para experenciá-la. Seu romance On The Road (Na Estrada) foi escrito a partir das suas vivências em viagens pelos Estados Unidos e México. Para dar conta do ritmo alucinante com que redigia, colava os papéis para não precisar trocá-los na máquina de escrever. Uma viagem sem paradas. O volume redigido assustou o editor, que lançou a primeira edição em 1957 – seis anos depois de receber os originais.
A trama é simples: Sal Paradise (espécie de alterego de Kerouac) põe o pé na estrada em uma viagem pelo país com seus amigos, em especial Dean Moriarty a quem admira com seu jeito louco e sedutor. O livro é resultado do rememorar dessas aventuras.
Mas a simplicidade para por aí. A densidade das experiências revela as angústias daquela geração nascida em meio a grande depressão capitalista de 1929, do entreguerras (1918-1939), das ditaduras fascistas e comunistas e dos horrores da 2ª Grande Guerra (1939-45). O mundo parecia pequeno demais segundo os valores do american way of life (o modo de vida americano).  
Kerouac, assim como outros jovens escritores, músicos, artistas, procuraram um caminho fora dos padrões. Puseram-se a percorrer o mundo, contestando-o. Um exercício para decifrá-lo, entenderem a si mesmos e tentar mudar a realidade. Experimentar era o método. Whisky, maconha, benzendrina e outros fármacos estavam na dieta. Quebra de tabus sexuais, orgias, homossexualidade rompiam os pudores e moralismo. Naturalmente, tamanha entrega tinha o seu preço: ressaca corpórea, mental e emocional. Mas fazia parte do processo para se conhecerem, se libertarem e favorecer a criação artística.
Esse grupo, no qual se destacam também, entre outros, Allen Ginsberg, William Burroughs, Gregory Corso, gritou alto e ecoou no mundo ocidental: ficou conhecido como a geração beat, ou beatniks. Em meados de 50 outros jovens artistas foram associados ao movimento dado seu modo criativo e contestador das regras sociais. Nos anos 60, em meio à guerra fria, ditaduras, guerra do Vietnã, discriminações étnico raciais, contestações em todo o mundo capitalista e socialista explodiram. Os protestos políticos e sociais passaram pelos códigos culturais e comportamentais. Uma década de protestos na qual os beatniks foram alçados ao Olimpo. Inspirados em Kerouac, Ginsberg e companhia, as novas gerações certamente vivenciam um sentido de liberdade bem distinto daquele da primeira metade do século passado.

On The Road é, portanto, um estandarte da geração beat. Um testemunho histórico de uma revolução cultural. Adaptar toda essa densidade para o cinema não é tarefa fácil, como atesta o fato de nenhum diretor e produtor terem encarado o desafio – aparte o livro ser uma referência formadora entre a maioria quase absoluta do mundo artístico.
Coube ao diretor brasileiro Walter Salles Júnior (Terra Estrangeira, Central do Brasil, Abril Despedaçado, Diários de Motocicleta) a tarefa. Felizmente, a lacuna foi preenchida e com bom resultado de adaptação da linguagem literária para a cinematográfica. Mais uma vez o diretor se vê às voltas com um road movie (filme de estrada), cuja dinâmica segue o ritmo de uma viagem. Sua experiência nesse gênero reflete na segurança com que dirige o filme: tomadas, enquadramentos, luz, cortes e montagem, enfim as especificidades técnicas que lhes credenciam como um respeitado diretor. A adaptação do roteiro ficou a cargo de Jose Rivera, enquanto a linda fotografia tem créditos de Eric Gautier (ambos trabalharam com o diretor em Diários de Motocicleta).
Pode-se até encontrar algumas críticas quanto a uma idealização romântica do livro, exemplificada em um Sal Paradise quase blasé mesmo nos momentos em que as coisas não iam muito bem. De fato, ao ler o livro a angústia daqueles personagens-reais é a tônica da narrativa de Kerouac. Mas esses são o Sal, Dean, Camille, Marylou, Bull nas lentes de Walter Salles; e em nada prejudica o filme.
É um capítulo a parte a trilha sonora que conduz os personagens em sua busca desenfreada pela vida. No final da década de 1940, um jazz com fraseado rápido e experimental embala os freqüentadores de bares e inferninhos norte-americanos, indo ao encontro dos anseios da geração beat. E posso dizer que a sedução daqueles acordes e arpejos transpassa a telona e deixa a plateia chapada. Sair do cinema com vontade de comprar a trilha do filme não parece que será exclusividade de um espectador...

On the Road é um documento geracional, apropriado pelas gerações vindouras. O filme recoloca suas questões básicas: liberdade, criatividade, honestidade. Mas como trabalhar em sala de aula um texto e um filme com imagens tão fortes como as descritas cenas com muito sexo, muitas drogas, linguajar fora da norma culta, tudo isso envolto a um jazz sedutor?
Certamente observar a faixa etária é fundamental. Mas, mais do que uma questão de idade, o perfil da turma é que deverá orientar o planejamento para seu uso pedagógico. Por essa via, talvez um projeto interdisciplinar seja o caminho ideal. É perceptível o potencial das temáticas levantadas pelo livro/filme nos campos disciplinares da, entre outras, história, literatura, artes, música, geografia, bem como temas como sexualidade, drogas, família, cidadania; tão caros à formação estudantil. Temas que ainda provocam polêmica e por isso permanecem atuais. Mas que, como nos ensinaram os personagens da novela de Kerouac e pelos reais beatniks, precisam ser tratados de frente, problematizados com honestidade. Afinal, preconceitos e hipocrisia não condizem com a liberdade – nem de ensinar, nem de aprender.

(veja trailer do filme em: http://www.youtube.com/watch?v=uUzklNReJbs)

Para saber um pouco mais sobre o tema, vale a pena ler:


On The Road (Na estrada), de Jack Kerouac
Naked Lunch (Almoço Nu), de William Burroughs


Geração Beat, de Cláudio Willer



                           E ainda assisitir aos filmes :



 
Mistérios e Paixões (dirigido por David Cronenberg, 1991)
(adaptação de Almoço Nu – em infeliz tradução para o português)

                                             
     










Beat (dirigido por Gary Walkow, 2000)

















Rodrigo de Almeida Ferreira

Ficha técnica:

Diretor: Walter Salles
Elenco: Kristen Stewart, Amy Adams, Viggo Mortensen, Kirsten Dunst, Garrett Hedlund, Alice Braga, Sam Riley.
Produtor: Francis Ford Copolla
Produção: Charles Gillibert, Nathanaël Karmitz, Jerry Leider, Rebecca Yeldham, Walter Salles
Roteiro: Jose Rivera
Fotografia: Eric Gautier
Trilha Sonora: Gustavo Santaolalla
Duração: 137 min.
Ano: 2011
País: EUA
Gênero: Drama
Cor: Colorido
Distribuidora: PlayArte
Estúdio: American Zoetrope / Film4 / MK2 Productions / Video Filmes
Classificação: 16 anos
(disponível em: http://www.cineclick.com.br/filmes/ficha/nomefilme/na-estrada/id/17178)




domingo, 15 de julho de 2012

 LUZ, CÂMERA E HISTÓRIA: O FILME NA SALA DE AULA! 

ASSISTIU...  VIOLETA FOI PARA O CÉU

Nuestra América! A história da cantante Violeta Parra é contada na película Violeta foi para o Céu, dirigido pelo compentente cineasta Andrés Wood (dirigiu entre outros Machuca), baseado no livro homônimo escrito pelo filho da cantora, Ángel Parra.  
Violeta Parra tornou-se referência para a música popular chilena. Mestiça indigena, viveu uma infância pobre. Enfrentou muitas dificuldades para ter seu talento e trabalho reconhecidos. Autodidata,  aprendeu violão empreendendo os ritmos de comunidades locais andinas. Também por observação, pintou quadros e criou tapeçarias, chegando a expor suas peças no Louvre. O filme aborda ainda sua atribulada vida emotiva, com intensos conflitos e paixões que tanto influenciaram suas escolhas. 
Para além da arte, Violeta se dedicou à memória da cultura andina. Procurou os anciões das vilas e aldeias interioranas para pesquisar e registrar a tradição. Usou seu talento para tornar pública essa história, bem como registrar a pobreza e exploração do povo: a metáfora entre a galinha e o gavião é representativa. Talvez um ponto que merecia maior esclarecimento está em como - em um período de intensa mobilização social na América Latina em meio à Guerra Fria - o partido comunista chileno e a intelectualidade à esquerda a abraçaram.  
Provavelmente, um restrito círculo conhece essa história. No Brasil, talvez a referência maior recaia nas regravações de Chico Buarque e Elis Regina. A própria distribuídora do filme apela para uma infeliz comparação entre o trabalho com a tradição popular emrpeendido por Parra (que chegou a criar um centro de arte folclórica, onde viveu até seus últimos dias) com o folk cantado por Bob Dylan. 
Se fosse apenas para registrar a história dessa mulher, artista e batalhadora dos Andes, já valeria o ingresso. Mas o filme é uma poesia, uma música. Seus atores interpretam com maestria e tem recebido prêmios pela atuação. A fotografia, a estrutura narrativa, os cortes e a montagem, a trilha sonora... enfim, um filme que justifica o cinema como sétima arte.

Rodrigo de Almeida Ferreira

Ficha Técnica
Diretor: Andrés Wood
Elenco: Francisca Gavilán, Thomas Durand, Christian Quevedo, Gabriela Aguilera, Roberto Farías, Marcial Tagle, Juan Quezada, Sergio Piña, Daniel Antivilo, Pedro Salinas
Produção: Paula Cosenza, Denise Gomes, Patricio Pereira, Pablo Rovito, Fernando Sokolowicz
Roteiro: Eliseo Altunaga
Fotografia: Miguel Ioann Littin Menz
Duração: 110 min.
Ano: 2011
País: Chile/ Argentina/ Brasil
Gênero: Drama
Cor: Colorido
Distribuidora: Imovision
Estúdio: Ancine / Andrés Wood Producciones
Classificação: Livre
Disponível em http://www.cineclick.com.br/filmes/ficha/nomefilme/violeta-foi-para-o-ceu/id/18191

terça-feira, 10 de julho de 2012

ACONTECE...


Simpósio Internacional de História Pública: A história e seus públicos. O evento tem como meta avançar nas discussões sobre a ampla gama de questões teóricas e práticas em torno da história pública no Brasil, visada em perspectiva internacional. Promovido pelo Núcleo de Estudos em História da Cultura Intelectual (NEHCI-USP) e sediado nas dependências da Universidade de São Paulo de 16 a 20 de julho de 2012, ele funcionará como um grande laboratório para a reunião de pesquisadores acadêmicos, profissionais, professores, estudantes e demais interessados em discutir temas e formular questões, ensaiar a solução de problemas, compartilhar ideias e experiências, avaliar o papel da criatividade e da inovação na difusão do conhecimento histórico. 
A História Pública é um campo profícuo para as discussões da relação entre o cinema e a educação, sobretudo na seara da História. Discussões estas que tem sido acompanhadas e incorporadas pelo projeto Luz, Câmera e História: o filme na sala de aula!, que se fará representar no evento com a participação do profº Rodrigo de Almeida na mesa redonda: Quanto de história pública há na educação histórica?  
Seguem os links do Simpósio e a programação das mesas redondas:
http://historiapublica.com/
http://historiapublica.com/programacao-geral/mesas-redondas/ 

 
Para saber mais sobre a temática, confira o livro: Introdução à História Pública, organizado por Juniele Râbelo de Almeida e Marta Gouveia O. Rovai.


Rodrigo de Almeida

segunda-feira, 9 de julho de 2012

LUZ. CÂMERA E HISTÓRIA... EM FÉRIAS

A equipe do Luz.Câmera e História: o filme na sala de aula!, agradece a participação de todos nas atividades do projeto que ocorreram nesse semestre. As sessões de Xica da Silva, Quanto Vale ou é Por Quilo? e Quase Dois Irmãos foram um sucesso e proporcionaram ricos debates. Agora faremos uma pausa para as férias semestrais. Durante esse descanso, continuaremos a pensar em novas atividades para a continuidade do projeto no próximo semestre. E, claro, aproveitar para assistir a muitos filmes. Por isso, compartilhe em nosso blog/facebook suas dicas e comentários sobre filmes visto em julho.