QUANTO VALE OU É POR QUILO?
exibição comentada em 19 de maio de 2012
O início do século XXI é marcado por significativas mudanças nas relações econômicas, de trabalho e sociais. É possível perceber nesses tempos atuais uma maior fluidez na organização social, pensando juntamente com o sociológo polonês Zygmunt Bauman (entre os livros do autor publicados no Brasil, ver Modernidade Líquida, de 2000, e Capitalismo Parasitário e Outros Temas Contemporâneos, de 2010, ambos pela Jorge Zahar Editor). As formas das sociedades se organizarem tem destacado cada vez mais o conceito de comunidades e ações setorizadas, articuladas pela ação civil, ao mesmo tempo em que o Estado tem se esvaziado das responsabilidades outrora a ele atribuído. As Organizações Não-Governamentais e Associações são exemplos emblemáticos desses tempos. Contudo, na mesma medida em que esses espaços ganham relevância, também surgem questionamentos sobre esse caminho, além de denúncias sobre desvios de condutas de inúmeras ONG's e Associações.
Sérgio Bianchi lançou Quanto vale ou é por quilo? em 2005, três anos após começar a rodá-lo. De certo modo, o filme se inscreve nesse cenário reflexivo. Em uma instigante estratégia, o diretor mescla temporalidades históricas bastante distintas para discutir aspectos estruturais da sociedade brasileira relacionadas a exploração da pobreza, assistencialismo e uma mentalidade da cordialidade, como havia definido Sérgio Buarque de Holanda. O filme faz uma analogia entre as relações escravistas e de dependência com a atuação de uma ONG cujo principal objetivo da sua mantenedora é a autopromoção, e ainda o uso inescrupuloso por políticos da situação de pobreza, por meio do assistencialismo.
Quanto vale ou é por quilo? provocou boas reações nos espectadores e críticos. Igualmente é um filme com excelente potencial pedagógico a ser explorado, bem como casa com a ideia do cinema como uma espaço para a construção de uma História Pública, já que diversos aspectos da sociedade brasileira podem ser trabalhados. Confira abaixo a sinopse do filme e venha assistí-lo na sessão comentada que ocorrerá no sábado, 19 de maio, na Casa UNA.
Quanto vale ou é por quilo? (direção de Sergio Bianchi, 2005)
“Uma
analogia entre o antigo comércio de escravos e a atual exploração da miséria
pelo marketing social, que forma uma solidariedade de fachada. No século XVII
um capitão-do-mato captura um escrava fugitiva, que está grávida. Após
entregá-la ao seu dono e receber sua recompensa, a escrava aborta o filho que
espera. Nos dias atuais uma ONG implanta o projeto Informática na Periferia em
uma comunidade carente. Arminda, que trabalha no projeto, descobre que os
computadores comprados foram superfaturados e, por causa disto, precisa agora
ser eliminada. Candinho, um jovem desempregado cuja esposa está grávida,
torna-se matador de aluguel para conseguir dinheiro para sobreviver.”
fonte: www.cinemateca.com.br
Publicado por Rodrigo de Almeida Ferreira
Muito legal! Valeu a dica!
ResponderExcluirVocês formam realmente um grupo brilhante.
muito obrigado.
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